quarta-feira, janeiro 11, 2006

Alegre e o Boi

Caro Carlos Brito:

Li, com interesse, o seu comentário n'"O Quadrado" intitulado "Louçã e a rã", onde demonstra a sua erudição no que respeita à fábula e à alegoria. Permita-me, no entanto, prolongar o seu raciocínio a consequências que talvez tenha querido deixar deliberadamente em aberto. Julgo poder depreender das suas palavras que, ao invés de Francisco Louçã, que compara à rã presunçosa, considera o seu candidato, Manuel Alegre, justamente equiparável a um genuíno representante da raça bovina, digno de figurar, sem vergonhas, em qualquer parelha de bois que por aí se forme. Se assim for, como me parece inquestionável, queria dar-lhe a minha garantia de que não será, certamente, aqui que encontrará quem o contradiga. Aliás, atendendo às declarações miríficas de ontem de Manuel Alegre, sobre como a corrida eleitoral estava reduzida a Cavaco Silva e a si próprio, mal posso esperar pelos seus próximos textos n'"O Quadrado" a enaltecer as virtudes vacuns do poeta.
Não deixei, mesmo assim, de achar curioso o seu súbito interesse por rãs; não costuma, afinal, o seu (antigo?) partido, revelar uma predilecção por sapos? Terá sido por isso que, desta vez, na tentativa de minorar a indignidade a que previa que fosse submetido, optou pelos bois? Mas olhe que, no fim de contas, custa muito mais engolir um boi inteiro do que um sapo.