terça-feira, junho 19, 2007

Nojo

Os Estados Unidos e a União Europeia vão levantar as restrições à ajuda aos palestinianos, e Israel vai parar de lhes roubar o dinheiro dos impostos. Agora já podem, a porcaria já está feita.

Eu e a NRA

Hoje ouvi uma extraordinária cretinice na televisão, vinda de uma senhora que falava sempre com uma profunda auto-convicção e premência, mesmo ao proferir as maiores banalidades mal-articuladas: é bom que haja exércitos, porque as guerras, quando não são travadas por exércitos, são uma coisa terrível. Esta ideia notável inspirou-me a procurar expandir este tipo de raciocínio a outras áreas, e daí que venha propor o seguinte: que se distribuam armas de fogo pela população, porque se alguém, querendo assassinar outrem, o puder fazer com uma bala, em vez de ter que recorrer a uma faca ou uma pedra, a vítima poderá beneficiar de uma morte mais rápida, menos dolorosa e mais humana.

sexta-feira, junho 15, 2007

E Mais...

Joe Berardo foi um dos que pagaram o estudo da CIP sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa em Alcochete. É fantástico: nem preciso de cansar a cabeça a pensar o que escrever, fazem todo o trabalho por mim!

quarta-feira, junho 13, 2007

Alcochete e Mais Alcochete

Algumas citações da candidatura do Campo de Tiro de Alcochete ao Prémio Defesa Nacional e Ambiente 2004, que conquistou:

"Pelas suas características, o CTA tem-se revelado como que uma extensão da Reserva Natural do Estuário do Tejo, nomeadamente no que às aves diz respeito, facto que atesta que é possível a coexistência entre a missão da Unidade, a preservação da Natureza e a protecção do Ambiente. A Unidade apresenta uma área florestal de cerca de 6500 hectares, sendo que destes, 950 hectares estão ocupados com eucalipto. As principais espécies arvícolas do CTA são o sobreiro, o pinheiro manso, o pinheiro bravo e o eucalipto, bem como diversas espécies arbustivas típicas do "montado de sobro"".

"A gestão da área florestal do CTA assenta no respeito pelos biótipos típicos da área em que este está inserido. Como já foi referido, a vegetação predominante tem como base o montado de sobro, ainda que sujeito a características mais comuns em áreas de sapal (lianas, fetos, urzes, lavandas, estevas,..), dada a relativa abundância de linhas de água que atravessam a Unidade.
"Apesar da vasta área de eucaliptal presente (950 ha), as espécies predominantes na Unidade acabam por ser o sobreiro e o pinheiro manso, alternando com manchas de pinheiro bravo. Entre outras espécies, mais ou menos abundantes, contam-se as acácias, os salgueiros, as oliveiras e o azinho.
"A acácia, espécie não autóctone em território nacional, apesar de ocupar uma área bastante reduzida (<0,125% da área total, ou, mais ou menos 10 ha) é actualmente monitorizada, por ser uma das espécies vegetais mais invasivas. De qualquer forma, esta espécie está actualmente confinada a Malhadio de Toiros.
"Outra das espécies arvícolas comuns no CTA, mas ainda assim sujeitas a um controle apertado, trata-se do eucalipto. Apesar de alguns contratos já efectuados do antecedente com empresas da fileira do papel, estamos a tentar proceder ao reflorestamento das áreas de eucaliptal por áreas de sobro, ou de sobro e pinheiro manso. Durante o ano de 2004 foram abatidos 10 ha de eucaliptal, os quais foram substituídos por áreas de sobro e/ou de sobro e pinheiro manso."

"As espécies comuns no CTA, a nível de avifauna são:
a) Aves de Rapina que Nidificam no CTA: Águia de Asa Redonda (entre 6 a 12 casais), Águia Calçada (entre 8 a 10 casais), Peneireiro Vulgar (entre 2 a 4 casais), Peneireiro Cinzento (3 casais), Milhafre Preto, Águia Cobreira e Gavião da Europa (todos com 1 ou 2 casais nidificantes);
b) Aves de Rapina que não nidificam, mas que usam o CTA: Águia de Bonelli, Tartaranhão-Ruivo-dos-Pauis, Tartaranhão-Caçador e Águia Pesqueira (avistada normalmente na Barragem de Vale de Michões);
c) Outras espécies: Pintassilgo, Chapim-Real, Chamariz, Perdiz, Garça-Boeira, Pombo, Rola-Comum, Cegonha, Andorinha (espécies mais comuns) e Lavaca, Verdilhão, Tentilhão Comum, Rouxinol, Codorniz, Narceja, Algarivão, Cuco-Camoro, Pato-Verde, Gralha-Preta, Estorninho-Preto, entre outras, num total de 39 espécies, algumas das quais protegidas."

"Em relação aos mamíferos, as espécies mais comuns são: o coelho, o javali, a lebre, a raposa, o ginete, o saca-rabos e o texugo, sendo que algumas espécies de morcegos são igualmente avistados no Campo de Tiro, se bem que ainda não tenham sido devidamente estudados."

Alcochete III

Um pequeno acrescento ao último post: como se pode ver aqui, o que realmente foi perguntado aos inquiridos na sondagem da TVI era se preferiam a Ota ou a "Margem Sul". No entanto, no decurso do noticiário foi repetidamente afirmado que os interrogados preferiam "Alcochete". Até há pouco tempo, podia ainda ver-se o mesmo como título de uma notícia no teletexto do dito canal. Acho que não preciso de dizer mais nada...

segunda-feira, junho 11, 2007

Alcochete II

Quem tiver assistido à abertura dos noticiários viu como as televisões privadas se apressam já a aclamar Alcochete como o ovo de Colombo das localizações do novo aeroporto de Lisboa, quase como um facto consumado. Mostram-nos também a exultante população local, que por sinal deve ser bastante reduzida, uma vez que a mesma senhora apareceu em dois canais diferentes a expressar muito articuladamente as grandes esperanças que tem depositadas na chegada da nova estrutura. A TVI tem mesmo já uma sondagem, em que aos inquiridos foi dada a alternativa entre a Ota e Alcochete. Por mais que uma preocupação de imparcialidade e a necessidade de recuo crítico aconselhem o cepticismo, e a dimensão da rede de conivências e do esforço sustentado que por trás se adivinham suscite a nossa descrença, parece, ou não parece, tudo isto orquestrado?
Vejam o post anterior.

Alguns apontamentos sobre a localização em Alcochete, para quem tem cabeça para mais do que debater camelos e desertos:
Não nos devemos deixar levar pelo argumento de que a colocação do aeroporto nos terrenos do campo de tiro de Alcochete não teria implicações ambientais, porque a área estaria já destruída, e a ser desaproveitada, pela sua utilização militar. Por muito estranho que isso possa parecer, os danos ambientais provocados numa área de tiro, mesmo sujeita a usos tão extremos como o bombardeamento, só com dificuldade poderão ombrear com a destruição causada pela construção e o desenvolvimento urbano. As zonas militares interditas estão sujeitas a perturbações pontuais e localizadas, que, se bem que severas, no cômputo final poderão ser inferiores às que uma área aberta e sem protecção vai acumulando ao longo do tempo. São mesmo muitos os casos em que as extensas áreas reservadas, nos Estados Unidos, a usos militares actuam ao mesmo tempo, de alguma forma, como uma protecção parcial da vida selvagem local, e como tal são tidas em conta. E que não se veja nisto qualquer forma de apologia do uso do território na promoção do militarismo e da guerra, o que não poderia estar mais longe dos meus objectivos. Faço apenas notar que, tal como alguns especialistas hoje referiram, a área do campo de tiro de Alcochete apenas não tem o estatuto de reserva pelo facto de o dito campo, erradamente, ainda lá se manter. Penso que isto demonstra o meu raciocínio anterior, acerca da importância ecológica da área.
Devemos também não esquecer, na discussão das possíveis localizações do novo aeroporto e do seu impacto ambiental, que grande parte deste virá, com certeza, não das estruturas aeroportuárias a ser construídas, mas do desenvolvimento urbano que concomitante e inevitavelmente se produzirá em seu redor, fazendo a degradação ambiental espalhar-se pelas áreas circundantes. E o que é que há em volta do campo? A reserva natural do Estuário do Tejo. Seria fácil perder de vista este crescimento urbano, ou mesmo promover propositadamente o seu escamoteamento. É aí que se jogam os interesses especulativos a que aludi no post anterior. São por isso ridículos argumentos acerca de como o aeroporto caberia no campo de tiro, em terrenos do estado, impossibilitando assim a especulação imobiliária, ou que, numa área específica, apenas acartaria o abate de eucaliptos. O que está em causa é o alastramento da área urbana de Lisboa para zonas antes praticamente intocadas; isto, ironicamente, note-se, no momento em que, com eleições a aproximar-se, se discute o problema da desertificação do centro da cidade.

Alcochete

Quando começou toda a pretensa "polémica" sobre a localização novo aeroporto de Lisboa, eu vi logo aonde isso eventualmente iria chegar: à pior solução possível do ponto de vista ambiental e àquela com a qual a especulação imobiliária mais potencialmente tivesse a lucrar, através da remoção da protecção a vastas áreas com as quais, anteriormente, os interesses económicos apenas pudessem sonhar. Eu ainda me lembro quando Ferreira do Amaral resolveu fazer a ponte Vasco da Gama ligar Lisboa a parte nenhuma (oh, horror, estou a ofender o Montijo!), numa manobra análoga, e todos sabemos, ou deveríamos saber, a construção desenfreada que se seguiu e a degradação do estuário do tejo que isso acarretou, nas imediações da reserva natural. Não é por acaso que a nova possibilidade de localização do aeroporto vem da CIP. Aqui há dias, no debate parlamentar com o primeiro-ministro, o Paulinho Portas já tinha andado a tentar colocar uma extensão da Portela novamente no Montijo. Curioso, curioso, é que seja precisamente quando a "opção" de Alcochete é apresentada que o governo dá por fim o braço a torcer e resolve fazer novos estudos...
Para ser justo, é bom ressalvar que é perfeitamente possível que a aceitação da realização de um estudo sobre a localização em Alcochete se trate de uma manobra política do governo, para dar a aparência de um debate real, contrapondo à Ota uma solução que sabem à partida que nasceu morta. Esperemos que seja só isto.
É pena que o contentamento com uma suposta "vitória política" contra o governo esteja a fazer muita gente na oposição ficar desatenta ao que realmente, por trás, se está a desenhar, e negligenciar a defesa, a que se comprometeu, daquilo que é na verdade fundamental. Estamos a deixar-nos enganar pelos jogos de sombras dos interesses económicos, enquanto estes se degladiam para trazer a brasa às suas respectivas sardinhas...

Perseguição a Sá Fernandes

Am I right, or am I right?

"Bolas, que é preciso ter Asae", no Arrastão, e
comentário
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sábado, junho 09, 2007

Salazar Está Vivo nos Nossos Corações (para além de na RTP)

Tive hoje um momento de confrontação política, chamemos-lhe assim, política e pública, com uma senhora, que não teria mais do que os seus sessenta anos, que se queixava, a quem a quisesse ouvir, de que lhe baixavam a pensão, a si e ao seu marido, e a davam a toxicodependentes e a "mães solteiras". E com ódio. "É o que para aí há mais, mães solteiras. Cá para mim, se os têm que os paguem!".
O que as mentalidades têm evoluído! E a consciência política! A vitória está assegurada, no "combate das ideias"!

quarta-feira, junho 06, 2007

Uma Mensagem dos Nossos Patrocinadores

Má Língua

A Polícia Judiciária estaria, supostamente, a investigar alegadas irregularidades de João Soares em negócios com a Bragaparques. Em tempo de eleições, este tipo de acusações, é claro, é para ser tomado com um grão de sal (ou mesmo muitos); para mais parece que vêm de Carmona Rodrigues. No entanto, a confirmar-se tal envolvimento, o que de todo não me surpreenderia, perceber-se-ia melhor a tão prolongada complacência, tanto do PS como do PCP, com a gestão vergonhosa da Câmara Municipal de Lisboa por Carmona Rodrigues. Ajudaria também a explicar, pelo menos em parte, a razão de ser do consenso, entre as restantes candidaturas, na aversão a Sá Fernandes, o candidato a abater...

PortugalDiário
Público

(e já agora, reparo que o PortugalDiário também já entrou na moda do Correio da Manhã, "Ricardo Sá Fernandes e José Sá Fernandes, é tudo a mesma coisa": se não foste tu, foi o teu pai...)

terça-feira, junho 05, 2007

Os Direitos Não São um Privilégio: Resposta a Miguel Sousa Tavares, na TVI

Tem-se vulgarizado ultimamente, na boca dos verdadeiramente privilegiados, um certo lugar-comum, uma resposta pronta sempre disponível para com ela se turvar as águas quando alguém se insurge, protesta ou luta contra a crescente desregulação das relações laborais, imposta pelo sacrossanto modelo neo-liberal; chega até a ser oferecida, relutantemente, por alguns dos que dizem estar a tentar "minorar" os efeitos dessa mesma desregulação: os trabalhadores que ainda têm direitos, e que os defendem, são egoístas, tiram o pão da boca aos que já quase não os têm.
Este raciocíno pode ser aplicado tanto à escala nacional, aos trabalhadores sindicalizados, com direito à greve, com contratos colectivos, com segurança social, por oposição ao precariado e aos desempregados, como à escala internacional, na comparação das populações do mundo desenvolvido (em especial as da Europa, cujo "modelo social" tanto incómodo causa ao liberalismo à solta) com as dos países pobres.
A ideia por detrás deste raciocínio, obviamente não explicitada, pois não convém tornar o nosso argumento demasiado claro, não fossem as suas fragilidades tornar-se aparentes, é a de que os direitos são um "luxo", e que a minoria que os (ainda) tem os conseguiu à custa da maioria. Este "meme" pré-fabricado, pronto a apresentar por quem quer que queira negar a alguém qualquer direito básico, adquire a sua aparência de plausibilidade do facto de retirar totalmente da equação quem realmente põe e dispõe dos direitos laborais e se aproveita do produto do trabalho, tornando-se a apropriação pelo capital das mais-valias intocável e apriorística, mesmo invisível, e reduzindo-se o problema a um sistema fechado em que só existem os trabalhadores, a quem apenas resta lutar entre si pelas migalhas. Na verdade, o argumento equivale precisamente ao seguinte: o de que numa sociedade em que a escravatura impere, os poucos homens livres deverão abdicar da sua liberdade e entregar-se de pés e mãos atadas aos donos de escravos, de modo a que estes, libertos do encargo dos salários (baixos como estes serão, inevitavelmente, numa tal sociedade) que se vêem obrigados a pagar aos últimos, e essenciais, trabalhadores livres, se dignem dar mais uma colher de arroz ou menos uma chicotada aos escravos que já detinham...
Penso que será escusado dizer que a solução do problema passa, não por aqui, mas pela simples abolição da escravatura...

domingo, junho 03, 2007

Assassino em Série

Parece que Santa Comba Dão tem agora o seu segundo psicopata...

Pensamento

A globalização está a distribuir, não a riqueza, mas sim a pobreza.